Mulheres do Parque

De Angola até ao Parque das Nações – como foi a tua vida até chegar aqui?
Nasci em Angola, mas vim para Lisboa ainda na minha infância. Estudei no Algarve, onde ainda hoje vive a minha família e completei a Licenciatura em Gestão de Empresas, com grande interação no meio empresarial. Representei o Programa de Intercâmbios de Estágios da AIESEC (Associação Internacional de Estudantes) e criei oportunidades para que estudantes portugueses fossem estagiar em empresas estrangeiras e para que Empresários portugueses recebessem estagiários de outros países, em Portugal.
O início da minha carreira profissional, de dez anos, foi na Portugal Telecom (PT), como Gestora Comercial e, posteriormente, com o desafio de estruturar a oferta empresarial PT por segmentos de atividade. Sou convidada a assessorar a Administração, com a qual tive a oportunidade de desenvolver competências no apoio à Gestão durante quatro anos.

Estavas muito bem nessa empresa, mas a vontade de novos desafios foi mais forte…
Trabalhar na PT sempre foi uma inspiração para mim, mas sempre senti que pela minha necessidade de empreender e de inovar, tinha de fazer uma mudança radical na minha carreira profissional. Em 2007 decidi criar a Widestimulus Working Results. Uma empresa de consultoria de gestão, que dinamiza formação nas Empresas e apoia Empresários para uma gestão mais eficiente e na gestão motivacional das suas Equipas. Inicialmente tinha sede em Oeiras, onde, também, vivia na altura.

Atualmente resides e trabalhas no PN.
Sim, há três anos, por uma mudança na minha vida pessoal, decidi viver no Parque das Nações. Por ter sentido a sua envolvência e a proximidade com a natureza, resolvi, numa lógica de qualidade de vida e de melhor gerir o tempo em deslocações, que o escritório da empresa teria de acompanhar esta mudança.

Voltando um pouco atrás, em que medida o passado em África influenciou a tua forma de estar na vida?
Por ter nascido em Angola, mas muito cedo ter vindo viver para Portugal, tive a experiência de mudar de país – e o exemplo da minha família – reiniciar totalmente a sua vida!
Daí veio a coragem de arriscar e não ter medo de perder. Porque ao meu lado estão pessoas que sempre me inspiraram fazê-lo! Daí veio, também, a facilidade em adaptar-me a pessoas e ambientes totalmente diferentes. Assim como o gosto de viajar e conhecer outras culturas. Sou uma pessoa alegre e otimista! Acredito que a vida só pode melhorar! Adoro partilhar Amigos e recebê-los em minha casa. E adoro dançar descalça![risos]
Profissionalmente, sinto que as minhas raízes angolanas influenciam determinantemente a forma como crio laços de confiança entre empresários e para que possam trabalhar melhor em Equipa, com os seus Colaboradores.

Nos dias de hoje para se ser empresário é preciso ter “coragem”. Como lidas com isso?
Como referi, faz parte de mim arriscar! Adoro correr riscos e experimentar aquilo que ainda não tentei, mesmo que no início não tenha tudo controlado ou decidido. Acredito que no caminho, vou encontrar os ingredientes necessários para criar um bom resultado! E porque tenho uma atitude positiva, quando corre bem aquilo que arrisco, é ponto de honra celebrar com muita alegria e reconhecimento, toda a ajuda e inspiração que recebo. Quando não acontece como desejo, é sempre uma oportunidade de aprender, crescer e melhorar.
Sou determinada e persistente naquilo que quero para mim e para a Widestimulus! E esse foco ajuda-me a superar dificuldades, que as tenho como todos, e a encarar com esperança, sempre uma solução, que acredito que sempre existe…
Contribuo e influencio para que mais pessoas acreditem que é possível dar um pontapé na crise! Enquanto ainda não tivermos esgotado todas as possibilidades que estejam ao nosso alcance para fazer diferente – não aceito a crise. Procuro partilhar a minha vida com pessoas empreendedoras e com espírito positivo! E é assim que privilegio ser!

Uma das grandes dificuldades que as empresas estão a sentir – são os recebimentos e pagamentos.
Daquilo que já pude observar em muitas empresas, é a necessidade de uma gestão financeira mais cuidada. Com maior controlo nos indicadores de atividade, nomeadamente nos Prazos Médios de Recebimento de Clientes e de Pagamento a Fornecedores. Acho que isto é do conhecimento generalizado, mas mesmo assim recomendaria uma atenção redobrada.
Infelizmente, ainda sou testemunha de empresas que continuam a servir Clientes que não pagam, sem ter a capacidade de se sentarem à mesa para conversar e chegar a um acordo de pagamento, com consequências imediatas, quando o mesmo não é respeitado. Prazos longos de pagamento, tão críticos no momento de hoje, são evitáveis com uma gestão responsável e rigorosa.

Como consideras o Parque das Nações para viver e trabalhar?
Para mim viver e trabalhar no Parque das Nações é uma inspiração! Encontrei uma melhor qualidade de vida, por deslocar-me a pé de casa para o trabalho, por fazer uma corrida à beira rio, no final do dia, ter um supermercado à porta de casa onde tenho a comida fresca, estar num espaço habitacional com pessoas simpáticas, poder passear com a minha família e brincar tranquilamente num parque infantil.
Profissionalmente, quando tenho de deslocar-me para dar formação ou visitar clientes, estou próxima das saídas para os principais destinos e é cada vez mais raro estar parada numa fila de trânsito!

Áreas de atuação interna e externa, nas Empresas, que considero vitais

ATUAÇÃO INTERNA

– Precisam de saber trabalhar em Equipa, saber comunicar é uma das questões mais importantes, que ajuda primordialmente no alinhamento de expectativas. Isto é, daquilo que o Líder espera da sua Equipa, (na sua visão e nos seus valores) e  como os Colaboradores podem contribuir, numa troca justa e clara para ambos.

– É um ponto essencial o espírito da Equipa, que quando alinhado para o mesmo fim, saiba que a atitude positiva e a determinação em conseguir alcançar os resultados, em Equipa, sejam essenciais na superação de desafios e dificuldades.

– Um outro tema muito útil é a gestão de tempo e de prioridades das empresas e a forma como criam as suas estratégias, para alcançar os resultados pretendidos. Recorrentemente, nesta partilha de informação e de tarefas, através da gestão e delegação de responsabilidade, a nossa participação é extremamente pertinente, para recordar a importância do líder em não executar as tarefas pela sua Equipa, mas, acima de tudo, inspirá-la a querer constantemente melhorar o seu desempenho da Equipa através de um bom acompanhamento de mentoria do seu líder.

ATUAÇÃO EXTERNA

– Existem muitas necessidades de vender mais, com menos esforço! Verifico que existem muitas necessidades de melhorar o conhecimento daquilo que os Clientes verdadeiramente valorizam e ajustar a oferta dos empresários ao mercado, numa atuação de conquista de novos Clientes e de fidelização dos atuais!

– Diria que ajudar as equipas comerciais a visitar os seus Clientes e participar na criação da oferta valor, quando sabemos melhor escutar os Clientes, com total foco naquilo que ele privilegia nos seus fornecedores, é um passo muito próximo da venda sem tanto esforço comercial.

– Sinto que os empresários cada vez mais precisam de saber trabalhar em parceria com outros empresários, partilhar desafios e estratégias, alargar a sua oferta de produtos e serviços e saber apresentar-se com inovação e atitude positiva! Tenho testemunhos de ter contribuído na dinamização de protocolos empresariais, que permitiram ganhar mais oportunidades de negócio para um maior número de empresários. Estamos numa época de cooperar em vez de competir.